Num país infantilizado, onde domina uma intemporal promiscuidade, completamente aberrante porque profundamente infértil, entre as esferas privada e pública, que catapulta o culto da mediocridade no seu esplendor, onde, frequentemente, alguém que se posicione profissionalmente por força dessa teia de relações pessoais, não raro, se julga com autoridade para subestimar outrem que vença única e exclusivamente por mérito próprio, individual e intransmissível; neste tipo de país, não admira que atletas de alta competição, mas baixa resiliência, vulgo fibra, decidam fazer uma birra e abandonar o desafio, patrocinado por dinheiros alheios, apenas porque sentem a sua crista diminuída, face ao verdadeiro espírito de competição, cultivado por culturas meritocratas, onde valores como o trabalho árduo, o esforço, a persistência, a humildade perante a derrota e o fair-play se revelam cruciais num vencedor.
Estranha e estupidificante forma de vida esta que concebe como vencedores os vencidos e como vencidos os verdadeiros vencedores, não conseguindo discernir que estes últimos encaram as derrotas e os obstáculos conjunturais não só como desafios, como até enquanto oportunidades...A incapacidade endémica colectiva para a projecção a longo e não a curto prazo é no que dá...O deficit de corredores de fundo e a inflação de dandies mimados e, por vezes, até retardados pela super-protecção, elevados a heróis adolescentalizados, autocentrados, patologicamente egoístas, egocêntricos e hedonistas, invejosos, preguiçosos, efémeros, levianos, inexoravelmente descartáveis, sem qualquer espírito de brio, enfim, dotados de um índice de mediocridade que até dói, o comprova...
E o que mais me assusta é o facto de a autoridade da mediocridade assentar ela própria na obstaculização à excelência por mérito, uma vez que esta última actua como espelho da sua própria incompetência e isso a arrogância adstrita à mais básica ignorância nunca o poderá suportar....
Como tal, não admira que estejamos perante um viveiro de autênticos medíocres emplumados, um habitat propício ao desenvolvimento de verdadeiras nulidades, não raro, assumidas publicamente como sumidades...Até poderíamos criar um slogan que catapultasse esta nossa intemporal tendência além-fronteiras: "If you simply don´t believe in no pain no gain do please come to Portugal we do make miracles happen for we easily turn real dumbies into sacred geniuses..."
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