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No meu comentário atrás postado relativo à intertextualidade entre o medíocre filme A Múmia, em exibição nos cinemas Lusomundo, e a brilhante exposição do Exército em terracota do Primeiro Imperador Chinês (Dinastia Ch'in), no British Museum, escapou-me a análise de dois anti-heróis com um papel, igualmente, crucial no desenrolar da narrativa urbanamente mítica, globalmente difundida pela máquina cinematográfica de Hollywood- a do implacável general chinês e da sua maléfica subordinada.
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A farda do Exército Vermelho, ainda com o corte maoísta, a falta de escrúpulos vivenciais, o belicismo feroz e a perfídia materializada numa profunda cicatriz num gélido rosto feminino revelam como subliminar, apesar de simplificadamente, se podem construir e enunciar estereótipos sobre formas de estar e ser exógenas, dificilmente desconstruídos de forma crítica. A simplificação tem, não raras vezes, este efeito: é fonte de demasiados mal-entendidos e de uma comunicação deficitária entre indivíduos que vivem em mundos diferentes. Tanto pior para os simplificadores e para todos aqueles que entendem o mundo pelas suas lentes...Quem utiliza o umbigo como guia cai, frequentemente, no empobrecimento do seu próprio mundo, o que por si só é um desperdício energético...Paz à sua alma, pois, sem o saber, não é, simplesmente existe!
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