Quando a violência remete alguém à condição de vítima de algozes cobardes munidos dos seus recalcamentos mais profundos, que destilam sobre quem julgam frágil, o papel da memória revela-se crucial para a sua ulterior dignificação. A memória, tantas vezes negada a quem sofre na pele e no espírito o ódio calcinante alheio, a falta de escrúpulos, de princípios, de humanidade, materializados em agressões físicas e psicológicas, em ameaças constantes, enfim, essa dimensão mnemónica que, por vezes, nos defende da loucura através de um paliativo esquecimento e, outras, pelo registo milimétrico das pretéritas circunstâncias nefastas que a abalam.
Posto isto, negar a uma vítima a memória é, simplesmente, uma segunda ou terceira violentação e tão agressor é quem comete o acto como o que o nega, frequentemente, por conveniência, por aniquilamento da consciência, por cobardia, por desistência da sua humanidade. Mas, que digo eu? Como é que alguém que vive por instinto, só empregando o raciocínio lógico na prossecução dos seus interesses particulares mais básicos pode, algum dia, almejar ter consciência? Vã ilusão, Deus, mais tarde ou mais cedo, Revelar-lhe-á as consequências de não a ter desenvolvido comme il faut! Sim, a responsabilização, tantas vezes negada na dimensão terrena, por sujeitos que não são, simplesmente existem, é implacável na Outra...Aí, a máscara descola-se do rosto e lá se mostram nus e crus os monstruosos contornos..."A mentira que o mentiroso prega a si próprio" não cola aos Ouvidos Divinos, muito Amplos, pois Omnipresentes! Gloria in Excelsis Deo!
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