The British Museum ©
Para além da intertextualidade entre as culturas erudita e pop, sempre latente e patente nos dias de hoje, gostaria de frisar algo que se me mostrou evidente durante a sessão: o papel sempre preponderante de Hollywood na emergência de mitos urbanos, desta vez, o pânico, gradualmente, instigado, no inconsciente colectivo da opinião pública e publicada das sociedades ocidentais, face à meteórica e premonizada pujança da inexorabilidade do "gigante chinês". A imagem sublime (não nos esqueçamos que o aterrorizante e o horror podem, igualmente, inserir-se na categoria do sublime, apesar de, na minha particular perspectiva, reservar o qualificativo ao Bem e ao Belo, considerando a dimensão oposta à terceira como a maior das mediocridades e fraquezas humanas) da construção da Grande Muralha sobre os restos mortais de súbditos escravizados, a crueldade de um maléfico e (quase) indestrutível imperador que almeja a imortalidade e o jugo, pela mera cega sede de poder, sobre o planeta, desrespeitando os Grandes Ensinamentos Imortais dos Grandes Mestres Ancestrais, não será uma metáfora para a forma como a China tem tecido o seu protagonismo a nível mundial, desde a reciclagem do maoísmo por um capitalismo, frequentemente, apelidado de selvático?
E por que será que à força do herói terreno chinês decepado, mortal, ainda que sacralizado por um Amor Sublime, se sobrepõe, majestosamente, a de duas heroínas (mãe e filha) imortais com poderes paranormais e uma força interior proporcional a uma destreza física exponencial? Hummm...fica a dúvida e a questão, ainda para mais porque a nação chinesa não é, comummente, associada à valorização da existência e do papel do género feminino... Dúvidas não existirão é quanto ao perfil demasiado leviano e até patético dos ocidentais, comparado com a profundidade de quem já viveu séculos e cuja Missão lhe foi confiada pela Essência Divina de Poderes mais Altos...
É, então, que me apercebo que, depois de visto o filme, até o cartaz supra-postado se me revela caricato- o personagem mais ridículo assumindo-se como protagonista de uma narrativa onde sobressai, meramente, como vaso decorativo (acontece muito frequentemente, com mais regularidade do que o que seria desejável...):
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