Segundo um artigo publicado no diário gratuito Global da última sexta-feira, 26 de Outubro, a obra de dois economistas franceses intitulada Sociedade da Desconfiança cita conclusões obtidas pela OCDE e pela World Values Survey em trabalhos de investigação que tentaram medir os níveis de desconfiança colectiva dos vários povos europeus. Uma das suas premissas é a de que “a ausência de confiança generalizada no outros e nas instituições é mensurável e afecta a economia e a sociedade em geral” dos povos estudados, onde se inclui o português, que sobressai como o povo mais desconfiado do espaço europeu.
O Engenheiro Mira Amaral, a propósito destes resultados, afirma que “a desconfiança mostra que não acreditamos nas outras pessoas e no País, e quando uma pessoa não confia no País não investe.”
Outra característica geralmente associada às relações interpessoais, e apontada como um dos traços preponderantes da mentalidade e do comportamento colectivos dominantes do povo português pelo eminente filósofo e professor universitário José Gil (JG), no seu Portugal Hoje: o Medo de Existir, é a inveja. Ora, segundo JG, a inveja ultrapassa a dimensão interpessoal, tendo vastos efeitos nefastos na cultura e na economia nacional, dado que impede que a inovação e o talento autênticos singrem num país, onde, frequentemente, a mediocridade impera e impede a emergência de novos valores, de mais pólos de desenvolvimento sócio-cultural e económico. A inveja é, de facto, tanto em termos pragmáticos como espirituais, uma energia tão negativa que o sujeito que a detém se concentra mais em destruir ou barrar os projectos ou os sonhos do invejado, do que em construir algo ou investir na sua própria evolução. Por vezes, prefere mesmo sabotar um projecto em que se encontra também envolvido, do que permitir que outrem sobressaia com base no seu trabalho e criatividade. Assim, a inveja é típica de quem pensa sempre a curto prazo, de quem, como diz JG, não tem capacidade de se inscrever, de converter o desejo em acto, de construir, de edificar, de projectar a longo prazo e de perceber que, ao barrar a inovação por mera mediocridade, está, não só a prejudicar o alvo da sua cotovelite aguda, mas, fundamentalmente, a dinamitar o desenvolvimento futuro da sociedade em que se insere. Isto é, se a curto prazo satisfaz os seus instintos mais básicos e o seu egozinho medíocre, a longo prazo está a dar um valente tiro no pé! Deste modo, o invejoso, não percebe que, ao prejudicar alguém gratuitamente, está de facto a prejudicar a nação no seu todo, pois a energia despendida no acto destrutivo é uma fonte privilegiada de improdutividade e de disfuncionalidades, que se vão alastrando e imbricando numa teia de obstáculos à inovação e ao desenvolvimento sociocultural e económico. Efeitos nefastos maximizados pelo modus operandi centenário desta sociedade, que enuncia uma profunda promiscuidade entre as relações laborais e as particulares e uma tendencial ausência de um consolidado sentido cívico, assente em sólidos princípios incorporados, que implique o respeito integral pela existência e pela obra alheias.
O Engenheiro Mira Amaral, a propósito destes resultados, afirma que “a desconfiança mostra que não acreditamos nas outras pessoas e no País, e quando uma pessoa não confia no País não investe.”
Outra característica geralmente associada às relações interpessoais, e apontada como um dos traços preponderantes da mentalidade e do comportamento colectivos dominantes do povo português pelo eminente filósofo e professor universitário José Gil (JG), no seu Portugal Hoje: o Medo de Existir, é a inveja. Ora, segundo JG, a inveja ultrapassa a dimensão interpessoal, tendo vastos efeitos nefastos na cultura e na economia nacional, dado que impede que a inovação e o talento autênticos singrem num país, onde, frequentemente, a mediocridade impera e impede a emergência de novos valores, de mais pólos de desenvolvimento sócio-cultural e económico. A inveja é, de facto, tanto em termos pragmáticos como espirituais, uma energia tão negativa que o sujeito que a detém se concentra mais em destruir ou barrar os projectos ou os sonhos do invejado, do que em construir algo ou investir na sua própria evolução. Por vezes, prefere mesmo sabotar um projecto em que se encontra também envolvido, do que permitir que outrem sobressaia com base no seu trabalho e criatividade. Assim, a inveja é típica de quem pensa sempre a curto prazo, de quem, como diz JG, não tem capacidade de se inscrever, de converter o desejo em acto, de construir, de edificar, de projectar a longo prazo e de perceber que, ao barrar a inovação por mera mediocridade, está, não só a prejudicar o alvo da sua cotovelite aguda, mas, fundamentalmente, a dinamitar o desenvolvimento futuro da sociedade em que se insere. Isto é, se a curto prazo satisfaz os seus instintos mais básicos e o seu egozinho medíocre, a longo prazo está a dar um valente tiro no pé! Deste modo, o invejoso, não percebe que, ao prejudicar alguém gratuitamente, está de facto a prejudicar a nação no seu todo, pois a energia despendida no acto destrutivo é uma fonte privilegiada de improdutividade e de disfuncionalidades, que se vão alastrando e imbricando numa teia de obstáculos à inovação e ao desenvolvimento sociocultural e económico. Efeitos nefastos maximizados pelo modus operandi centenário desta sociedade, que enuncia uma profunda promiscuidade entre as relações laborais e as particulares e uma tendencial ausência de um consolidado sentido cívico, assente em sólidos princípios incorporados, que implique o respeito integral pela existência e pela obra alheias.
Porém, como é óbvio, nós portugueses não detemos o monopólio da inveja e certamente que existirão muitos e bons cidadãos nacionais que se abstêm de comportamentos menores adstritos a este sentimento minúsculo e ridículo. Todavia, todos os dias deparamo-nos com situações que, claramente, nos revelam a actuação desse sentimento corrosivo altamente pernicioso.
Detenhamo-nos, por exemplo, no caso de José Rodrigues dos Santos (JRS), o pivô televisivo mais apreciado pelo público português, e da polémica que tem envolvido a publicação da sua 4ª obra em apenas 7 anos- O Sétimo Selo. Uma das circunstâncias muito evocadas em tertúlias dedicadas à perscrutação dos “telhados de vidro” alheios é a sua capacidade para produzir extensas obras de forma tão célere. Segundo um artigo de Micael Pereira publicado na edição nº 1826 da revista Única, distribuída com o jornal Expresso do dia 27 do corrente mês, JRS escreveu a sua última obra em apenas 5 meses, aproveitando as manhãs e os dias de folga da sua actividade primacial- a de apresentação do Telejornal na RTP1. De facto, segundo JRS a sua produtividade literária é muito influenciada pelo índice de pluviosidade anual- normalmente, escreve 10 páginas por dia, número que decresce para 5 nos dias mais secos e aumenta para 17 nos dias em que S. Pedro abre as comportas.
Segundo dados fornecidos pela já citada publicação, esta última obra de JRS fá‑lo-á “ultrapassar a barreira do meio milhão de exemplares vendidos em Portugal”, para além do que venderá por esse mundo fora. Com o fito de a promover, JRS esteve, recentemente, na Feira do Livro de Frankfurt, respeitando o modus operandi de outros autores de best-sellers, entre os quais Dan Brown e J.K. Rowling, os célebres autores de O Código Da Vinci e da saga de Harry Potter, respectivamente. Os responsáveis por uma das editoras mais fortes do mercado editorial internacional- a Bertelsmann-, presentes no certame, fizeram questão de conhecer JRS. Certamente que não foi pelo facto de o reconhecerem como pivô do telejornal da RTP1! Com efeito, e ainda segundo o mesmo artigo de Micael Pereira, os livros de JRS apresentam um fantástico índice de vendas- “o Códex 632, publicado em 2005 atingiu os 150 mil exemplares (ficou atrás de Dan Brown nesse ano) e A Fórmula de Deus conseguiu ser a obra de ficção mais vendida em 2006, ainda que tivesse ido para as livrarias apenas em Novembro. Desde A Filha do Capitão (85 mil exemplares) que o autor reúne à sua volta uma comunidade fiel de leitores, a quem responde com apreço a todos os “e-mails” recebidos quando regressa do telejornal, às dez da noite (…) A sua posição nos tops mantém-se incontestável. Na primeira metade de 2007, três dos dez livros mais vendidos no país tinham a sua assinatura (…) Rodrigues dos Santos está editado em Espanha, Itália, Brasil, Alemanha, vai entrar agora na Grécia e em Abril do próximo ano terá uma estreia em grande no mercado anglo-saxónico, com o Códex 632 a ser lançado com destaque nas duas maiores redes livreiras dos Estados Unidos pela maior casa editorial norte-americana, a Harper Collins, com o título The Secret Identity of Christopher Columbus. (…) Nessa altura, já não se tratará de fazer inveja a Camilo [Castelo Branco]. O campeonato irá ser mesmo com Dan Brown.” Mais uma vez, creio que este sucesso não poderá ser meramente explicado pela função de pivô exercida por JRS no espaço noticioso de prime time do canal 1 da televisão pública.
E, sublinho, eu ainda não li algum dos livros deste autor, como tal não posso ter uma opinião subjectiva daquilo que não conheço, apenas me estou a cingir a informações objectivas, difundidas por fontes fidedignas, relativas ao índice de vendas das suas obras. E ainda não o fiz não por qualquer preconceito [abomino preconceitos, sejam eles quais forem, associo-os sempre a simplismos empobrecedores], mas apenas porque estou numa fase profissional em que a leitura de várias obras literárias que gostava de actualizar tem de ser obrigatoriamente adiada.
Mas, voltando à questão central, face ao sucesso do seu conterrâneo, alguns (muitos da área do jornalismo) perguntam-se “Como é que alguém consegue trabalhar e ao mesmo tempo publicar o que ele publica?”; outros ou os mesmos, ainda, o acusam de ter uma fórmula literária simplista e de enveredar por um marketing editorial muito estreito a estratégias massificadoras. Outros recorrem a piadas de gosto duvidoso sobre a sua vida pessoal ou elevam a sua rapidez na escrita a bengala linguística corriqueira de textos mais ou menos venenosos, isto é, mais ou menos invejosos. E que justificação haverá para estes discursos alcoviteiros? Bem, em primeiro lugar, a inveja conduz muita gente a um pensamento redutor muito comum, baseado numa auto-centração ridícula que os leva a perguntar-se: “se eu não consigo fazer algo como é que ele [ela] consegue?” E como grande parte dessa gente carece do mecanismo da auto-ironia, exlusivo de mentes verdadeiramente evoluídas, ao não gostar da resposta óbvia a tal auto‑interpelação comparativa, o seu ego minorizado agarra-se, desesperadamente, a um pensamento indutivo, muito próximo do utilizado por discursos discriminatórios simplistas: “se o consegue é porque ali há qualquer coisa que não está muito bem esclarecida". Desta conclusão para o lançamento de boatos menos nobres é um passo- na manhã do dia seguinte, já (quase) toda a gente tem uma explicação determinística maldosa para tal circunstância.
Enfim, o costume num povo que, tendencialmente, nunca aprecia o sucesso dos seus iguais (só aprecia o de quem julga seu superior hierárquico), que o encara como uma afronta às suas frustrações menores! Claro que há as “vacas sagradas” do status quo, que até podem ser bastantes medíocres, mas quem toda a gente bajula e a quem unânime e consensualmente se atribui o epíteto de grandes génios, pois o cânone seguidista colectivo assim o obriga. Só os “consagrados” são intocáveis, ninguém os pode denegrir, senão é “aqui d´el rey”. Ora esta questão da consagração de alguns que pertencem a um sistema que os sustentava na integralidade até à globalização, autêntica prova dos nove à competência e ao talento tanto a nível organizacional como individual [alguns ainda sobrevivem neste mercado local, porque não se atrevem a expor-se a essa prova eliminatória externa], denuncia claramente um seguidismo de mentes que se julgam, na maioria das vezes, uns revolucionários, uns subversivos, uns progressistas, quando, na verdade, não passam de mais uns móbeis de que o sistema se vale para perpetuar os seus vícios.
Mas, face a este fenómeno intemporal, outro comportamento colectivo luso secular se revela: há uma clara tendência para que os indivíduos misturem, indiscriminadamente, as questões pessoais com a sua posição pública perante as obras de fulano ou beltrano- se A odeia ou inveja B e vice-versa, então A certamente que denegrirá em público a obra de B e vice-versa, mesmo que esta até seja muito válida. Resultado: transportam-se ódios particulares para a apreciação de obras públicas, apreciação que deveria ser isenta e estar alheia a likes and dislikes particulares. Daí que, não raro, a praça pública se transforme num campo de ataques e batalhas pessoais. E, depois, para além dos protagonistas, há sempre a acrescentar os correligionários cegos de uma e de outra facção que se digladiam, também, muitas vezes, sem ter mais argumentos do que o “eu sou muito amigo de A, logo sou inimigo visceral de B” ou “os meus interesses próprios obrigam-me a defender a posição de A, logo ataco ferozmente B e faço disso uma causa de vida, até que os meus interesses mudem". Mas, claro, também há aqueles meninos que vão por modas: é in e seguro atacar A, pois, atacando A, está-se automática e implicitamente a defender a facção de B; para além de que é in dizer-se que se lê B (ainda que nunca se tenha passado para além da leitura do título da capa) e não se lê A (ainda que o façam avidamente no "recanto sacrossanto do lar"). Isto é, estas tomadas de posição nada têm a ver com questões racionalmente escrutinadas, uma vez que tomam como ponto de partida emoções e relações pessoais, interesses próprios e banalidades mundanas e não princípios que, como se sabe, não são tão flexíveis.
A propósito, no outro dia, li algures numa publicação nacional, sinceramente já não me lembro qual, que sicrano gabava-se de não ler textos de seus colegas pelos quais não nutria grande simpatia pessoal. Too bad, sicrano só perde, mais não seja pelo que Sun Tzu afirma na sua Arte da Guerra sobre a importância fulcral que adquire o conhecimento do “inimigo” e, ultrapassando estas questões sino-bélicas, a relevância que a informação sobre as temáticas que vão sendo tratadas pelos seus pares deveria ter para a própria evolução de sicrano como profissional. Mas o que se revela particularmente triste e empobrecedor é esta incapacidade para, racionalmente, se distinguir o pessoal do público, o ovo da galinha, caindo-se num paupérrimo pensamento redutor e quase mítico, muito próximo, aliás, do provincianismo, e demasiado longínquo de um cosmopolitismo que seria desejável num país que se deveria modernizar, fundamentalmente no que concerne à forma mentis colectiva. Eu posso não gostar do que certo autor literário ou de outra área revela sobre a sua ideologia e filosofia de vida, mas isso não me impede de reconhecer mérito à sua obra, se for o caso. Por Amor de Deus! Uma coisa é o criador, outra é a criatura; uma coisa é o autor como pessoa, outra é o autor como produtor da sua obra. A obra quando acabada, e mesmo ainda inacabada (lembro aqui A Sagrada Família de Gaudí) torna-se autónoma, apesar de poder estar sempre associada à identidade mais ou menos aurática do seu autor. Por se dizer que Picasso tinha um feitio terrível e Gaudí um egocentrismo patológico isto não implica que não admiremos as suas obras pelo seu valor intrínseco.
Daí que, neste país, haja uma clara tendência para se associar a noção de discussão à animosidade pessoal e à chinfrineira, quando uma discussão deveria ser, em si, um diálogo polilógico, cujos intervenientes deveriam, em princípio, contrapor díspares perspectivas sobre a realidade, de forma fundamentada, elegante e sem revanchismos pessoais, para que se pudessem enriquecer mutuamente. Isto é, recorrendo mais a questões oriundas do raciocínio lógico do que da histeria emocionada!
De facto, opiniões bem fundamentadas tomam como ponto de partida princípios e não interesses próprios nem questiúnculas pessoais, sempre insignificantes. Eu posso adorar pessoalmente alguém e discordar frontalmente das suas opiniões e não gostar particularmente das suas obras; como, também, posso não gostar muito de alguém em termos pessoais e concordar plenamente com certas opiniões fundamentadas que expressa ou apreciar muito as suas obras. Salvador Dalí tem, a este propósito, uma frase digna de um verdadeiro génio e de um autêntico gentleman: “ I love my enemies when they are intelligent as much as I hate those who are stupid when they are defending me”.
De facto, opiniões bem fundamentadas tomam como ponto de partida princípios e não interesses próprios nem questiúnculas pessoais, sempre insignificantes. Eu posso adorar pessoalmente alguém e discordar frontalmente das suas opiniões e não gostar particularmente das suas obras; como, também, posso não gostar muito de alguém em termos pessoais e concordar plenamente com certas opiniões fundamentadas que expressa ou apreciar muito as suas obras. Salvador Dalí tem, a este propósito, uma frase digna de um verdadeiro génio e de um autêntico gentleman: “ I love my enemies when they are intelligent as much as I hate those who are stupid when they are defending me”.
E acontece que, cada vez mais e contrariamente ao que cri durante anos, julgo que as leis pragmáticas do mercado de índole anglo-saxónica favorecem um sistema meritocrático e prejudicam gravemente a mediocridade, ainda que muitas vezes, em certas áreas, se verifique a tendência para que a banalização se imponha sobre a qualidade. Isto porque, num sistema meritocrático e não "medianocrático", vence o melhor, o mais eficiente, o mais talentoso e não o medíocre, o incapaz, sempre muito dado à reunite, à lambe botice, a comentários improdutivos de bastidores e coscuvilhices de vão de escada e à aversão intrínseca ao esforço, ao labor, à produção pura e dura, ao aperfeiçoamento pessoal, à excelência de execução. Um exemplo que sempre me ilustra esta constatação pragmática é aquilo que um amigo do meu marido afirma quanto às causas da disparidade da sua capacidade de produção científica nos dois países por onde se divide- os EUA e Portugal, a sua terra natal. Quando está nos EUA, escreve, por ano, em média, dois artigos científicos; e, quando está em Portugal, a energia que gasta em burocracias e a tentar contornar obstaculozinhos congeminados pelas tais mentes medíocres impede-o de se focalizar na produção- resultado: se publicar um artigo por ano em terras lusas já será um milagre!
E, voltando à questão da produção artística, não se iludam: hoje (e sempre, uma vez que apesar da arte ter conseguido, em tempos, emancipar-se, em teoria, do mercado, logo nos seus primórdios, foi o vil metal que a promoveu e a fez desenvolver-se), a arte, é uma mercadoria, é um bem de consumo e, como tal, para se valorizar, tem de ser promovida como qualquer produto cultural. Pruridos a este nível só aumentarão a nossa incapacidade para valorizar os nossos autores e projectá-los globalmente! Criar e gerir constituem um binómio que se deve simbioticamente aliar numa relação win-win, i. e, de ganho ou proveito recíproco. Urge a consciência desta premissa: ou a sociedade portuguesa se actualiza lucidamente e passa a apostar no mérito de quem o tem em detrimento do compadrio com a mediocridade ou perderemos qualquer desafio numa economia global, porque, hoje, caríssimos, todas as áreas estão interligadas e a força da economia de um país é directamente proporcional à sua capacidade de inovação e diferenciação, seja ao nível empresarial, seja ao nível institucional, seja a que nível for. E garanto-vos que a mediocridade é incapaz de mostrar eficiência, qualidade, criatividade, capacidade de trabalho e inovação, pois detém demasiados vícios de pensamento e de actuação, entre os quais a inveja, a preguiça, a improdutividade, a mentalidade burocrática, a ausência de criatividade e a tendência para a cópia e a usurpação dos méritos alheios, para sequer vislumbrar o que são aqueles conceitos indispensáveis a uma cultura de excelência! Estamos, hoje, a pagar bem caro esta aposta consecutiva na aurea mediocritas, no lado medíocre da vida!
Aumentemos os nossos horizontes existenciais saudando e estimulando a excelência, mesmo que esta venha de quem não apreciamos pessoalmente, tenhamos fair play, elogiemos quem contribui para o nosso bem-estar futuro, para o desenvolvimento sociocultural e económico de Portugal, uma vez que projecta e engrandece o seu nome nesta "aldeia global"!
Fontes:
Pereira, M. (2007, Outubro). A Fórmula de José Rodrigues dos Santos. Revista Única, pp.87-92.
Global, (2007, Outubro). Portugueses São Dos Mais Desconfiados, p. 10.