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(Tau-te-King, 16)


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Repost : : Pensamento do dia : : Amizade e Lealdade

Picture : : unknown authorship

Hoje, a superficialidade que inunda e imunda as nossas vivências leva-nos tantas vezes a alardear o número de amizades que possuímos! Apesar de considerar as generalizações sempre perigosas, porque profundamente injustas para com as dignas excepções, corroboro integralmente a máxima de que quem tem muitos amigos não tem amigo algum. A Amizade com maiúscula e não minusculizada é tão preciosa que é rara. Não será tudo o que é valioso raro e não banal? A Amizade, o Amor Sublime, o Agapé, é, antes de mais, um sentimento elevado baseado na lealdade que não admite qualquer tipo de interesse ou troca de índole material ou mundana. E com material refiro-me a qualquer objectivo focalizado nos interesses do próprio. A matéria degrada, consporca, diminui, indignifica. Se aplicássemos esse critério às nossas relações de amizade quantas restariam? Não sei... Tanta gente a delirar com as redes de conhecimentos superficiais, com os speed datings, com as relações de uma noite, com as amizades descartáveis, com os amigos coloridos! Não os estou a querer julgar do ponto de vista moral, apenas considero que se estão a iludir de forma extremamente compulsiva e autodestrutiva, pois os tempos podem ser outros, ainda bem que o mundo evoluiu, mas nunca nenhum ser humano será alguma vez feliz por usar e ser usado, nunca nenhum ser humano poderá alguma vez evoluir pela vulgaridade. É como ir às compras ou enveredar pela vingança, esse objectivo tão degradante, para apagar o vazio- no momento, sente-se a euforia consumista ou da mesquinhez, mas, quando se chega a casa ou se cai em si, o vazio dá lugar a um buraco negro! E aquele que usa o outro não está a diminuir o objecto, já não sujeito, mas a si próprio. Paralelamente, qualquer ser humano que humilhe ou maltrate gratuitamente o outro não está de facto a denegrir o outro, mas a degradar-se a si próprio. Então, quando essa humilhação é levada a cabo em grupo, ainda pior, pois a cobardia atinge aí o seu grau mais elevado.
Picture : : unknown authorship
Mas esta questão leva-nos a outra essencial: dar a outra face metaforicamente, como Jesus nos ensinou, conceito que veio romper com o da tradicional retaliação, é um sinal de grande dignidade, todavia, todo e qualquer ser humano tem o direito à sua defesa e de estabelecer os limites inultrapassáveis pelos outros. Uma amiga minha está-me sempre a repetir: defende-te ou serás devorada! A palavra devorada sempre me fez lembrar monstros prontos a mastigar os outros por prazer, como se masca uma pastilha...E, de facto, quem maltrata ou humilha por prazer não pode receber outro epíteto! Mas, voltando à questão inicial: a autêntica Amizade e não a amizade significando conhecimento superficial e mundano. Qual a base desse sentimento sublime? A confiança, aquela maravilhosa sensação de nos pormos na mão de alguém que esperamos nunca a fechará, esmagando-nos. E quando o punho se fecha? Quando alguém trai a confiança que nele(a) depositámos com o coração aberto? Quando esse alguém deita tudo a perder por interesses materiais e egocêntricos e interesses obscuros? E quando lhe perdoamos muda e reiteradamente vezes sem fim, mas a criatura, nem suspeitando que está a ser perdoada, pela força obscura do seu ego megalómano, ainda julga que, pelo contrário, o outro é que um(a) pateta, um(a) ingénuo(a) que nem merece consideração, pois acredita em tudo o que se lhe diz e nem riposta quando pisado (a). Bem, à trigésima sexta vez, não há mais nada que dizer do que: au revoir, até nunca mais, vai procurar outro(a) manso(a)que te ature a petulância, se não percebeste o que é o perdão, ainda que mudo, então é porque já nada podemos aprender um(a) com o(a) outro(a)...A Amizade maiusculizada minora-se num ápice e tudo o que nos parecia não dourado, porque dourado só Deus, mas abrilhantado pela vitalidade da confiança, ganha uma mácula aviltante, revolta-nos o estômago. O que fazer nessas alturas em que um vazio terrível substitui um coração outrora pulsante de confiança? Bem, não querendo parecer um receituário e ainda que respeitando a premissa de que a cada organismo a sua cura, creio que apenas nos resta fazer como Siddhartha no início do seu percurso como personagem homónima da obra de Hermann Hesse: "esperar, jejuar (em sentido metafórico), pensar"...Esperar que a roda da vida se encarregue de pôr cada peça do puzzle no seu devido lugar (a Justiça Divina É Implacável); jejuar, não procurarmos substituir uma perda por um sucedâneo, dá sempre mau resultado e, em vez de uma desilusão, temos grandes probabilidades de ter logo duas seguidas e da mesma índole; pensar, extrair a faceta positiva de uma circunstância negativa, alcançando as ilações necessárias à nossa evolução pessoal, deixando que a razão prevaleça sobre emoções conturbadas. E, acima de tudo, não nos fecharmos ao mundo- por termos encontrado no nosso caminho um pedregulho que julgávamos uma pedra preciosa não quer dizer que não encontremos outras pedras preciosas em percursos ulteriores. São raras, mas que as há, há. Essa abertura de espírito é o que distingue a autêntica inocência da ingenuidade- inocente é quem, embora já se possa ter magoado muito com as vilezas mundanas, conseguiu manter uma certa candura que lhe permite vislumbrar os vindouros sem o espectro de quem o feriu no passado; ingénuo é meramente aquele que não tem experiência de vida, nem as defesas que daí advêm. Um inocente é, acima de tudo, um indivíduo responsável, uma vez que se engana porque, acima de tudo, defende e pratica a confiança no outro, embora tendo conscîência de que se poderá magoar nessa entrega; um ingénuo engana-se porque a sua pouca experiência de vida não lhe dá outra alternativa. Um inocente dirá: "prefiro ir sofrendo desilusões do que andar sempre desconfiado. No primeiro caso, apenas sofro no momento da desilusão, no segundo, sofro constantemente". Triste de quem pensa que traindo se eleva, de quem se depara com o diamante da Amizade e toma-o por um pedregulho e, alarvemente, o pontapeia! Triste daquele que deprecia a lealdade como um sentimento canino- e quantos é que chegam aos calcanhares dos nossos melhores amigos em termos desse sentimento sublime? Feliz de quem tem bons amigos, ainda que poucos. Muito raramente a quantidade está de facto associada à qualidade! Obrigada, meus Verdadeiros Amigos, o vosso carinho e lealdade fizeram de mim o ser humano que sou hoje. Aos outros que traíram a minha confiança- lamento, só me inspiram pena- desejo-vos o melhor, mas a léguas de mim! Que Deus vos Ilumine, que bem precisam! É tão triste viver no escuro, ainda para mais quando se tem como objectivo vivencial apagar a chama do coração alheio que, by the way, é inextinguível se se tratar de um autêntico inocente!

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