☼ All One Now ☼

By giving and sharing the best of ourselves we´ll all rise up ☼"Quando souberes o que É Éterno saberás o que é recto"
(Tau-te-King, 16)


domingo, 3 de fevereiro de 2008

Da banalidade : : A origem das espécies malignas : : A redução egocêntrica do Mundo

Eu diria mais: a cegueira da autocensura
(fonte da imagem: por identificar)


A banalidade assusta-me, assim como o simplismo das máximas que entronizam o senso comum como fonte legitimada da ausência de uma capacidade individual verdadeiramente crítica. E quando digo assusta-me não me refiro a qualquer tipo de medo pessoal, pois os seres muito afoitos à banalidade são tão previsíveis e vácuos que tudo o que dizem ou fazem parece fazer parte de um plot que nós já conhecemos ou antevemos com a facilidade de quem descobre o criminoso numa série de ficção policial B. Para além do mais, regra geral, o ser humano teme essencialmente o desconhecido.


E é este medo de um caos verdadeiramente criativo, que lhes é totalmente alheio, pelos espartilhos mentais que toldam a sua visão e os seus parcos horizontes, que leva estes indivíduos, defensores de pequenos cosmos arrumados e protegidos por lugares-comuns redutores, a agruparem-nos arquivística e estereotipadamente em verdades feitas.


"Um preto de cabeleira loira ou um branco de carapinha não é natural (...)". Este slogan de um produto capilar que faz parte das minhas memórias infantis resume caricaturalmente os ditos simplistas deste género de criaturas que, ansiosas, pela fobia do que não conseguem catalogar, pretendem a todo o custo que o verbo modele a realidade. Para si, a sua própria palavra tem um efeito mágico, cria o real e tudo o que escape ao poder inicático da sua capacidade verbal banal, normalmente, entronizado como a expressão sacralizada do seu ego desmedido, não existe. Então, lá vêm os silogismos dicotómicos: se A é C e B é D, então A nunca poderá ser D. E lá se reconfortam com esta catalogação simplista do que os rodeia, com um sorriso imaturo de quem quer moldar o mundo com os próprios olhos toldados pelas palas da banalidade.


Acontece que, felizmente, a realidade é tão complexa, é fruto de tantas tensões criativas, que estes mundozinhos menores ficam confinados aos membros dos clubes dos fãs do Banal!


E já dizia o outro: a banalidade é uma das primaciais fontes do Mal, pois, enquanto leviana, não consegue compreender a complexidade e a profundidade daquilo que a rodeia; não compreendendo, não cria empatias com realidades que desconhece, só as estabelecendo com os lugares comuns que confortam os seus estereótipos e o seu cosmos infantilmente organizado. E, como afirmava o oficial judeu da película A Lista de Shchindler de Steven Spielberg, depois de entrevistar todos os monstros nazis capturados pelos Aliados, que tinham congeminado e levado a cabo o Holocausto, a essência do Mal reside na falta de empatia para com tudo aquilo que não se assemelha com a banal fonte de simplismos ego e etnocêntricos.

Sem comentários: