O Mar Salgado (MS) (
http://marsalgado.blogspot.com/) publicou um texto assaz interessante sobre o perdão. Se bem o entendi, defende, mais ou menos, isto- não se consegue perdoar figuras que nos magoam como se propriedades suas fôssemos, pois, como os supostos escravos desses algozes, não temos poder para perdoar; todavia, temos o dever de nos afastar da sua maléfica presença.
O comentário que teci ao texto do MS impeliu-me a eleger, de novo, aqui, o perdão como leitmotiv, reescrevendo alguns pensamentos básicos.
Dizia eu que defendo o perdão como um acto higiénico que oferecemos à nossa sanidade mental e evolução espiritual. É um acto de autêntico poder, pois só os verdadeiramente grandes e poderosos conseguem perdoar, enquanto expressão máxima de autocontrole lúcido- os que detêm a rara capacidade para se superarem e se reciclarem a si próprios, que não se prendem com sentimentos negativos auto-diminutivos e cujos horizontes vastos e aversão a
metropauliteirices (perdoem-me o neologismo- roubei-o à Vaca Gallo RSE (
http://vacagalobarcelos.blogspot.com/)) os afasta de ninharias, i.e, de visões pequeninas e mesquinhas da existência, que só fazem os seus detentores dar valentes e repetidos tiros no pé.
Sempre imaginei o rancoroso compulsivo como um ser que detém um ego compatível com o seu desmesurado orgulho, que empresta a sua fealdade à máscara enrugada, macilenta e repulsiva, por mais agradáveis que os traços fisionómicos se revelem, com que gosta de se pavonear no show da insanidade que monta para si próprio (apenas aplaudido pelo séquito de lunares criaturas que, geralmente, o acompanham nesta procissão de frustrações) e cuja fraca audiência o faz remoer-se, compulsivamente, em angustiadas e viscerais convulsões auto-punitivas. Aliás, pode-se, até, afirmar que este ser sofre de peritonites psicológicas consecutivas- perdoem-me a figura de estilo, mas, não raro, as fezes vêm-lhe à boca e à face.
Haja condescendência para criaturas tão pequeninas e tão nefastas (principal, paradoxal, feliz e tendencialmente a si próprias)........................
Johnny Depp em Sweeney Todd, o vingativo que se destrói pela ira
Quem permanece com a sujidade que alguém lhe quer impor no ADN está, no fundo, a permitir que o agressor lhe provoque o maior dos danos- permanecer dentro de si e impedi-lo de avançar com a sua vida de forma positiva e construtiva. Todavia, perdoar não é esquecer porque quem esquece não perdoa, apenas beneficia da complacência de uma memória mais débil e, no fundo, não se recicla, pois não usufrui de algum ensinamento de maior, de alguma grande lição de vida. Perdoar é ter memória, mas superar-se a si próprio, sublimando um sentimento negativo que danifica gravemente quem o detém- o rancor-, reciclando-o em ENERGIA POSITIVA, sempre benéfica. É o acto mais ecológico que existe, pois é como transformar estrume em electricidade, beneficiando a Energia Cósmica, já tão saturada de sentimentos negativos instintivos, básicos e animalescos.
E, claro, para aqueles cuja fé lhes orienta os passos, há sempre Aquele SER GRANDIOSO Cuja Memória É Cartográfica e Cuja Acção É Implacável- o Melhor Juiz que Sabe Exactamente as lições que cada um deve receber como reacção às suas boas ou más acções, às suas boas ou más omissões e intenções. Pode-se mentir a muita gente, mas a Deus, ai a Deus, ninguém o pode sequer almejar.
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Por isso lho aconselho vivamente: ofereça um presente da sua memória simbólica a si próprio- saiba perdoar ou, mais cedo ou mais tarde, o rancor virar-se-á contra a fonte ("transforma-se o agressor em coisa incorporada", o "odiador em coisa odiada", "o vingador na coisa vingada", numa actualização do Poeta) e até Deus o Equivalerá à criatura que o magoou, e, aí, ai aí, bem pode esperar sentado pela Justiça Divina- Ela Tardará e Falhará (aos seus olhos, claro).
Perdoar é limpar-se de impurezas, de forças de atrito ao seu sucesso, dado que só cultivando sentimentos positivos poderá cumprir os seus sonhos, as suas ânsias, os seus desejos mais profundos.
Contudo, concordo com o MS num ponto: perdoe, mas afaste-se de gente negativa, pois, por mais que lhes mostre a sua boa vontade, sugar-lhe-ão a vitalidade como vampiros da alma! Ajude-os quando necessitarem, tente, sempre, fazer a diferença pela prática do Bem, impondo-lhe, todavia, limites, que a instintividade pulsional tem de ser refreada, mas não deixe que lhe suguem a energia positiva, que deve culivar como um dos seus maiores tesouros! Por mais limpos que sejam os nossos sapatos, em contacto com a lama, sujam-se- salte por cima da poça!
1 comentário:
Estou a ponderar sobre o seu texto depois lhe direi... acho que percebo...
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