"O silêncio é de ouro", dizem alguns, eu, por mim, defendo: como tudo, depende do contexto, todavia, frequentemente, o silêncio é a fonte de muitos equívocos, de muitos medos, associados à auto e hetero-repressão que, bastas vezes, toca, nem que seja ao de leve, os domínios da cobardia e da submissão subserviente. Perdoem-me, mas é o que sinceramente penso.
Como africana, vinda de uma sociedade onde o convívio cosmopolita, descontraído e verdadeiramente intercultural era a regra, sempre me chocou esta tendência sócio-cultural lusa para se idolatrar a incomunicabilidade, os obstáculos a uma comunicação fluida e despretensiosa....O formalismo e a hiper-hierarquização social de uma sociedade ainda manietada por medos ancestrais da autoridade confundida com autoritarismo leva muita gente a calar-se, consecutivamente, a preferir remoer, internamente, do que verbalizar. Se estabelecermos, aqui, uma analogia com uma tirada fantástica da personagem protagonizada por Jack Nicholson naquele filme hilariante- Terapia de Choque (Anger Management, 2003)- podemos deduzir que os portugueses demonstram uma tendência dominante para serem mais implosivos que explosivos, só explodindo apoteótica, ruidosa e descomunalmente quando o último sapo não passa na laringe.
Como africana, vinda de uma sociedade onde o convívio cosmopolita, descontraído e verdadeiramente intercultural era a regra, sempre me chocou esta tendência sócio-cultural lusa para se idolatrar a incomunicabilidade, os obstáculos a uma comunicação fluida e despretensiosa....O formalismo e a hiper-hierarquização social de uma sociedade ainda manietada por medos ancestrais da autoridade confundida com autoritarismo leva muita gente a calar-se, consecutivamente, a preferir remoer, internamente, do que verbalizar. Se estabelecermos, aqui, uma analogia com uma tirada fantástica da personagem protagonizada por Jack Nicholson naquele filme hilariante- Terapia de Choque (Anger Management, 2003)- podemos deduzir que os portugueses demonstram uma tendência dominante para serem mais implosivos que explosivos, só explodindo apoteótica, ruidosa e descomunalmente quando o último sapo não passa na laringe.
Daí que não seja de estranhar que os problemas psicossomáticos se vejam inflacionados, num contexto onde até às próprias vítimas se exige silêncio e "recato", pudor. A palavra pudor dita, neste contexto, por um português assusta-me, a sério, pois eu declino-a como pavor, terror, horror, agressor, manipulador, castrador, censor, ....
Enfim, mas nada disto quer dizer que eu aprecie o ruído espectacularizado, e muito menos a boçalidade incontida (o extremo do tal pudor, o despudor animalizante), apenas que acredito que a verbalização solta, ligeira, saudável, fluida já é um grande avanço para a higiene da alma e, já agora, do corpo, pois, quer queiramos quer não, a nossa índole é psicossomática.
Actualizando um outro ditado popular que diz "quem canta seus males espanta", eu diria "quem fala seus males exala"...
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