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(Tau-te-King, 16)


segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

21 de Janeiro : : Dia Mundial da Religião


Salvador Dalí, The Last Supper , National Gallery of Art, Washington


Hoje, celebra-se o Dia Mundial da Religião.
O étimo latino religo, as, are, avi, atum remete-nos para a noção de ligação entre o homem e a transcendência de Deus ou de deuses. Como tal, o conceito de religião, embora pleno de complexidade, pode ser, simplisticamente, definido como a crença n´ Uma ou várias Entidade(s) Sobrenatural (is), Associada(s) à criação do universo, assim como na vida espiritual para além da morte física.
Pode-se, igualmente, definir este complexo conceito como um corpo de regras e doutrinas, com base em princípios filosóficos, éticos e metafísicos que modelam o modus vivendi e a forma mentis de uma comunidade, de um conjunto de indivíduos mais ou menos extenso ou, até, de um indivíduo isolado.
Assim, a fé numa dimensão ou dimensões meta-terrenas, metafísicas, e em divindades mais ou menos naturais acompanha o Homem desde tempos imemoriais.
E. B. Tylor considera mesmo que a evolução da dimensão religiosa da vida humana foi paralela ao desenvolvimento tecnológico e sócio-cultural da humanidade- a “religião inicial”, o animismo, que se baseia na crença da presença da transcendência em determinados seres, fenómenos ou elementos naturais, deu lugar, segundo este antropólogo, ao politeísmo (crença em diversas entidades divinas), quando o homem se sedentarizou, abandonando um modus vivendi mómada; o qual, por sua vez, evoluiu (aqui o vocábulo evolução é utilizado na sua acepção científica, significando apenas mudança e não melhoria) em direcção ao monoteísmo (crença numa Entidade Divina Una), quando as comunidades humanas se começaram a organizar em grupos sociais. Como se constata, esta tese é contestável, uma vez que são várias as comunidades humanas que, estando socialmente organizadas, se mantiveram politeístas, durante séculos, como a grega, a romana, a hindu, etc.
Já a entronização da Razão setecentista como dogma substituto da Religião enquanto instituição e ideologia dominante conduziu muito boas almas ao ateísmo, que, na sua larga maioria, consideravam e/ou consideram uma ideologia própria de iluminados que detêm e/ou detinham o privilégio de conduzir as suas vidas de acordo com uma racionalidade dita objectiva, embora propulsionada por um subjectivismo individualista laico.
Acontece que a própria ciência evolui pelo critério da falsicabilidade, segundo Popper, i.e, uma teoria é válida até que outra a deponha e é a própria ciência que tem provado que nem só de razão vive a mente humana, nomeadamente, no que concerne, por exemplo, às emoções, ainda que estas sejam, alegadamente, imputadas à biologia e à genética. De qualquer das formas, se ninguém pode provar, cientificamente, a Existência de Deus, o facto é que, também, ninguém o pode fazer quanto à Sua não Existência. E não nos esqueçamos que grandes cientistas como Einstein detinham uma crença profunda em Deus. Como tal, a associação de senso comum da religiosidade à ignorância resulta totalmente apócrifa, contraproducente e até contraditória, pois uma total negação de Algo assume-se como uma posição tão dogmática, arrogante e fechada como a sua afirmação impositiva.
Einstein defendia: “ciência sem religião é coxa; religião sem ciência é cega”. Numa declaração por si proferida quando interpelava por via televisiva o povo americano, que o acolheu na sua fuga ao despotismo nazi (filmagem disponibilizada ao público na exposição À Luz de Einstein, promovida pela FCG) afirmava igualmente: “A nossa era está orgulhosa do desenvolvimento intelectual humano (...) Procurar a verdade é uma das actividades humanas mais nobres (...) [porém], não devemos transformar o intelecto no nosso deus, ele tem músculos poderosos, mas não tem personalidade, pode conduzir, não pode servir (...)[deveras], o intelecto tem um olho afiado para métodos e para a verdade, mas é cego para valores e fins”.

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