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(Tau-te-King, 16)


segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Por vezes, a passividade também é um crime...

A passividade também é, por vezes, um crime. Há, entre o senso comum, uma grande confusão entre os qualificativos pacífico e passivo- Gandhi e outros nomes sonantes da defesa dos direitos humanos, como Martin Luther King, foram pacíficos, não passivos. A passividade é muito estreita à cobardia, à anulação do dever da consciência perante a observação, mais ou menos mediada, de acções menos dignas, que fazem vítimas, mais ou menos despojadas dos seus direitos mais básicos, consoante a gravidade da(s) agressão(ões) em causa. O protesto do pacífico assenta na não recorrência à violência, a não ser defensiva; o passivo, geralmente, não protesta, anui e consente a agressão, assumindo-se como cúmplice do agressor ao pactuar com ele com o seu silêncio, uma vez que ele não é, geralmente, o agredido, mas um dos observadores da acção. E como diz um provérbio popular português, adaptado aqui ao tema: “É tão mau o que agride como o que assiste impávido e sereno à agressão”. Ora, a noção de agressão é, igualmente, ambígua e actualiza-se em diversos graus- pode ser física, verbal, mais ou menos violenta, mais ou menos directa, mais ou menos cobarde. Por exemplo, um boato ou rumor ou a quadrilhice de soleira de porta de comadres provincianas podem ser vistos como uma agressão, assumindo-se como tão cobardes como os seus enunciadores em cadeia, pois não implicam a sua responsabilização, uma vez que o sujeito é indeterminado. Isto é, a frase adstrita a um boato inicia-se, sempre com a cobardia da rejeição da sua autoria por um: “dizem que…”; “diz-se que…”. Cobardia aliás, muito própria, de indivíduos que, tal como afirma Maria Filomena Mónica, tanto são desprovidos de individualidade, diluindo a sua responsabilidade cívica num todo não identificável, como não respeitam essa mesma individualidade, tendencialmente, reunindo-se em alcateias para atacar alguém que julgam mais fraco por se assumir como um ser único, identificável pelos seus traços distintivos assumidos clara e inequivocamente. De facto, a cobardia escudada em grupos muito estreitos ao ataque gregário esquece-se de que há indivíduos cuja força de espírito fazem-nos valer por milhares de cobardes escondidos atrás de números mais ou menos elevados. Como dizia Martin Luther King: “ A verdadeira medida de um homem não é como ele se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas como ele se mantém em tempos de controvéria e desafio”. Isto é, o carácter de cada um revela-se não nos bons, mas nos maus momentos, naqueles em que o ego, preocupado, nuns casos, somente com a sobrevivência instintiva animalesca e já não com a aparência, como faz nos momentos fáceis, ou, noutros, com a defesa do que considera justo, revela a sua autêntica essência. Estes momentos são a prova dos 9 dessa “verdadeira medida de um homem”/ mulher. É nesses momentos que temos surpresas, mais ou menos agradáveis, consoante a pessoa que estiver neles envolvida e é nesses momentos que cada um se revela a si próprio.

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