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(Tau-te-King, 16)


quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

O verdadeiro espírito de Natal...................


Ouço, comummente, várias pessoas queixarem-se da forma como os taxistas lidam com os clientes. A minha experiência pessoal leva-me a não comungar, de todo, com estas opiniões, que considero generalistas, embora a minha também o possa ser, afinal, baseio-me num raciocínio indutivo. Grande parte dos taxistas que conheci e conheço são pessoas educadas, cultas e com um sentido de justiça apurado. Como sempre, as generalizações são muito perigosas e injustas, mas digo-o sinceramente- tenho aprendido muito com estes homens que são, frequentemente, os nossos psicólogos quotidianos. Isto, apesar de três ou quatro experiências menos agradáveis (em todas as profissões, religiões, etnias, culturas, classes sociais, entre outras variantes, há boas e más pessoas, há bons e maus momentos que se reflectem na forma como o sujeito interage com os outros, se bem que reitero a minha profunda convicção de que o carácter dos indivíduos se revela nos momentos mais agudos da sua existência, naqueles em que o filtro da aparência deixa de funcionar).
Ando muito de táxi, converso bastante com os taxistas, pessoas que me surpreendem sempre com perspectivas de vida fascinantes, até pela circunstância de a sua profissão os levar a contactar, quotidianamente, com a diversidade existencial, mas hoje, foi um daqueles momentos em que tive a honra de conhecer um verdadeiro Ser do Bem, alguém que me enunciou o autêntico espírito de Natal, que me comoveu como já há muito tempo ninguém o fazia. Contava-me ele que, certo dia, durante a época natalícia, levando no seu táxi uma Mãe e uma filha, ouviu-a dizer à criança: "Este ano, querida, ainda não pode haver prendas, para o ano haverá, com certeza." A resposta da criança, que tinha por volta dos 4-5 anos, foi: " Não faz mal, Mãe, ficamos as duas quentinhas abraçadas". O taxista disse-me que não conseguiu ficar indiferente ao que ouvia- comprou um cabaz de Natal, um perfume para a Mãe e brinquedos para a criança e foi a sua casa desejar-lhes Boas Festas, oferecendo-lhes os presentes.
Que honra tenho eu em conhecer pessoas assim, com um coração do tamanho do mundo, que dignidade teve este homem num momento em que contactou com o sofrimento de uma Mãe que não podia oferecer um presente à sua filha. O nosso comentário imediato será provavelmente: "Coitadas!" Todavia, esta família tinha a essência do Natal no seu seio: o Grande Amor que a Unia. Quantos de nós poderão dizer o mesmo?

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