O caso Rhianna comoveu-me (no sentido etimológico de abalar; agitar; impelir; incitar; causar comoção; abalar moralmente; impressionar; despertar sentimentos de dó, de piedade), enfim, de me mobilizar sentimentos díspares por várias razões : (
(a) saber que uma jovem tão bonita e talentosa é vítima de maus tratos tão profundos por parte do seu companheiro e, logo, para ele retorna, como se encarasse o sucedido como um mero arrufo de namorados (não é uma crítica, é apenas solidariedade, pois sei muito bem o tipo de manipulação em que este tipo de vítimas se encontra enredada para que encare este género de violência doméstica como natural).
(b) assistir online a tantos gozos medíocres sobre o caso, pensamentos de gente mesquinha que se entusiasma com wrestling e reality shows algo degradantes, talvez porque, na sua vácua vida, nada mais reste do que emoções mediadas, que ainda lhes permitem sentir alguma vitalidade, aniquilada pela apatia com que encaram a sua própria moribunda existência, plena de nada.
(c) a forma como este tipo de casos, paradoxalmente, denunciam este flagelo da violência doméstica, mas, simultaneamente, o naturalizam. Ainda no outro dia, a minha filha me perguntava: "Mamã, sabes por que é que o namorado da Rhianna bateu nela? Porque ela é muito ciumenta...Eu respondi-lhe: "Não, minha, filha, não existe razão alguma no mundo para alguém ser submetida àquela violência...O namorado deveria ser responsabilizado, pois é um criminoso, e ela deveria afastar-se imediatamente dele e encontrar alguém que a ame, verdadeiramente, porque amar é, acima de tudo, respeitar quem é alvo da nossa afeição...)
Resta-me a consolação de esperar que Rhianna, tal como outras jovens, reestruturem a sua auto-estima e tomem consciência de que alguém que as submeta a tal violência tem de ser afastado da sua vida para todo o sempre, sob pena de, na próxima vez, como diria a médica de um hospital, chegarem numa maca, já sem vida...
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