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(Tau-te-King, 16)


quinta-feira, 29 de maio de 2008

A dicotomia fotográfica direita esquerda : : quando os simplismos negam o que se afirma


Ontem, fui assistir a um curso muito interessante de fotografia. Depois da palestra do orador, foi a vez das perguntas da audiência. Qual o meu espanto, quando a propósito da invocada actual desvirtuação das ideologias, um dos participantes fez notar que não há fotógrafos de direita, só os há na esquerda. Fiquei tão estarrecida com a afirmação que me perguntei: "Então, mas se a mesma pessoa defende que as ideologias descambaram, como é que pode ainda falar de forma tão dicotómica? E a questão nuclear: por que carga de água uma pessoa de direita não pode ser um bom fotógrafo, um bom pintor, um bom músico, um bom escritor, enfim, um artista pleno? E, olhem que, como sempre construí as minhas opiniões de forma muito individualizada, sendo completamente avessa a gregarismos, não me posso dizer de esquerda nem de direita, aliás, não sou muito afoita a lateralismos, sou mais virada para o Altíssimo, para a verticalidade do que para orientações horizontais.
Só me espantam rótulos tão redutores quanto dicotómicos e cosmos ideológicos organizados de forma tão reaccionária que se afirmam como uma auto-negação, ainda que se queiram mostrar como uma forma de iluminação (bem fraquinha, por sinal...)

E juro-vos que não pus a questão directamente, pois estava tão cansada, que não tinha forças para aturar uma multidão em fúria...Onde já se viu- uma loira sistémica questionar de forma tão impertinente quem já está consagrado no panteão da sabedoria estrelar?

Agora, já sabem- intelectuais e artistas só os de esquerda- eu já um dia disse isto, mas vou repeti-lo: Deus quando Distribuiu a intelligentzia, Virou-se para a esquerda e disse: a vocês o intelecto, os dons artísticos, a capacidade crítica activa; depois, muito enfadado, virou-se para a direita e sentenciou: e vocês, caluda, vão às compras, à tourada ou façam bordados, que se vai cantar o fado!

Mas, agora, assalta-me outra questão: e então quem era de esquerda e se virou, desbravidamente, para o capitalismo selvagem, pois a vidinha custa a ganhar ou já passou dos 40 anos, segundo a lógica pragmática churchilliana? Como é? Fica no limbo da iniciação fotográfica, suponho....

3 comentários:

Al Mertuli disse...

A razão de haver quem ainda ache que a direita não é intelectual é da responsabilidade da própria direita.
No século XX, o século das ideologias, a direita musculada, como as de Hitler, Mussolini, Franco, Salazar..para citar só as que nos estão mais próximas (se formos para a América Latina encontraremos imensos exemplos, desde o Chile à Argentina com Jara, Neruda...), nunca se deram bem com o "saber".
Brecht, Hemingway,Picasso, Chaplin, Sartre, Lorca, Saramago (este, já depois de Abril, ainda foi perseguido...por um tal Lara), são a prova de que só na "esquerda" encontraram o abrigo que a "direita" lhes negou. Alguns, como Lorca, pagando com a própria vida.
O Portugal da ditadura é disso um bom exemplo: recordo só Egas Moniz e Bento de Jesus Caraça, entre muitos mais.
Trata-se de um tema interessante e que só o tempo acabará repondo no seu verdadeiro lugar.
Para tanto é necessário que os Laras, que, por aí, ainda pululam, se reduzam à sua insignificância. Doutro modo...
Um abraço.

Isabel Metello disse...

Al Mertuli, não concordo, não creio que a vontade de saber seja exclusiva de algum grupo ideológico que seja, até a própria divisão direita e esquerda é, para mim, um claro disparate, quando olhamos para trás e nos deparamos com as atrocidades praticadas em seu nome - da direita à esquerda...Já que citou os monstros de direita, cito alguns da esquerda ( a lista também não é pequena, convenhamos...:)Staline, por exemplo, eliminou, literalmente, a dissidência das fotos e da vida; outros marxistas (de outras variantes :) seguiram-lhe o exemplo- olhe um bem semi-vivo ou semi-morto, vá-se lá saber, com a liberdade de expressão que por lá pulula- o Fidel...

Diz-se que dizem (este sujeito indeterminado dá sempre um jeitão :) que o próprio Saramago não foi lá muito apologista da liberdade de expressão durante o PREC no Diário de Notícias e que a dinâmica saneamento lhe era bastante cara...
Olhe, por mim, prefiro um mau assumido a um camuflado 8apesar de abominar ambos :), sempre sabemos com o que contamos...:)
Mas numa circunstância estamos de acordo :) liberdade não há criatividade...


Abraço

Isabel Metello disse...

errata :) sem liberdade não há criatividade...