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(Tau-te-King, 16)


terça-feira, 4 de novembro de 2008

: : quanto às lides de morte : :

whose humanfighters ©?

Hoje, falava com um expert em touradas, alguém que muito admiro e que esteve, desde tenra idade, ligado a este mundo e lembrei-me da conversa tão enriquecedora que tive com o Vítor Coelho, outro verdadeiro gentleman, um senhor, daqueles que pertencem, já, a uma espécie em vias de extinção...Confesso que a admiração que sinto por estas duas pessoas e a sua capacidade para argumentar de forma tão brilhante sobre a sua afición me fez não mudar de ideias, pois continuo a considerar as touradas um espectáculo do sofrimento gratuito alheio, que, como tal, me repugna, eleja ele qual a vítima que eleger, mas que me fizeram compreender de forma mais sustentada este fenómeno...Compreendi, por exemplo, por que é que todos os toureiros e autênticos aficionados se insurgem contra a imposição legal da proibição das lides de morte em território nacional, com a excepção legal de Barrancos... Compreendi-o porque estes senhores me levaram aos bastidores, ao momento em que os touros são recolhidos depois da colhida e os consegui ver a agonizar, com sal grosso posto em cima de feridas expostas...

Tal circunstância levou o primeiro senhor a, brilhante e metaforicamente, extrapolar desta circunstância para certas características sócio-culturais de um povo de "brandos costumes" (tendo em conta o que Franco disse ao seu conselheiro quando da possibilidade de haver sangue em Portugal na Revolução de Abril, eu assinaria por baixo e modificaria o qualificativo para outro mais contundente, menos politicamente correcto e mais socio-culturalmente apassivante, mas enfim, adiante...): nós, portugueses, não lidamos mesmo muito bem com a realidade, muito menos com a morte de tudo o que esteja associado ao nosso ego, tantas vezes, despótico- nem com a nossa nem com a dos outros que nos são queridos (com a excepção de muitos vampiros da alma se regozijarem com a morte de quem odeiam ou invejam, mas isso é já outro departamento...)-, que remetemos, hipocritamente, para os bastidores, como se, assim, assepticamente, a conservássemos em éter até estarmos dispostos a enfrentá-la, isto é, nas calendas gregas...

Depois disto, defendo, ainda que tenha consciência da ambiguidade da frase exclamativa : vivam os touros de morte! Entre o que seria impossível porque ideal (a proibição total deste tipo de espectáculos, degradante aos meus olhos porque assente naquilo que o ser humano tem de pior - o ego hetero-destrutivo como forma de consolidar o auto-laudatório...) e o que é praticável, mas terrivelmente cruel, ainda que mascarado de bonomia, prefiro a letal misericórdia pragmática de nuestros hermanos...Olé!

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