A propósito do debate no Jazza-me Muito, lembrei-me de desenvolver as opiniões por mim expressas acerca do que considero ser a obrigação de um crente perante o sofrimento alheio, portanto, o dever de um sujeito de fé que se poderá definir, ainda que de forma simplista, como alguém que considera que, para além da vida terrena, existe(m) uma ou mais dimensões transcendentais sublimes que se afirma(m) como o autêntico Destino humano e que, como tal, crê num conjunto de princípios que advoga como basilares à sua presente (sobre)vivência corpórea e futura purificação espiritual...
whose hindu holy man?©
Transversalmente considerada, qualquer religião ou filosofia esotérica advoga como móbil de auto-superação o esbatimento da força instintiva do ego, pela força sublime da consciência, i.e., a descentração como dinâmica propulsora de uma aproximação ao Outro, considerado como igual em direitos e deveres. Abstraindo-nos da evolução das palavras compaixão e caridade e focando-nos no seu significado etimológico, poderemos, então, considerar essas posturas como as adequadas a quem crê na vida espiritual para além da morte física, a quem concebe como Grande Orientador Cósmico Omnipresente e Omnipotente um Ser mais ou menos Personalizado ou energicamente Contextualizado, conforme as versões narrativas sacralizadas e sacralizadoras. Como tal, alguém que se afirme como crente deverá cumprir a Palavra Divina quotidianamente, quando em contacto com a banalidade diária da existência profana. Deveras, um crente praticante não é aquele que se limita a orar, a isolar-se do turbilhão da mundanidade apócrifa ou a frequentar locais ou festejar datas sagradas, não, mas aquele que tenta actualizar, diariamente, o Verbo Divino, independentemente, da versão que professa, ...Esse é o grande desafio, essa é a experiência radical, porque intensa, de quem crê, esse é o grande teste a que, quotidianamente, Deus ou a Energia Cósmica nos sujeita, enquanto detentores de um salutar livre arbítrio, mais ou menos orientado pela consciência ou por instintos primários. Como tal, todos os dias fazemos opções que, mais cedo ou mais tarde, pela inexorável lei da acção/reacção, nos serão devolvidas por um insondável efeito boomerang, ou seja, o Mal e o Bem reverterão à sua fonte, independentemente das intocabilidades apócrifas que elejamos como orientadoras vivenciais.
whose christian fervorous woman?©
Como tal, ser-se crente nos dias de hoje é exactamente igual a tê-lo sido há 2000 anos e a similitude não é só diacrónica, como também, o é transversal em termos geográficos ou culturais- tal condição exige uma coragem permanente, porque os meios podem evoluir, mas a natureza humana é intemporal, universal ainda que localmente considerada...É mais uma prova que o local sempre foi e será global e vice versa...
Fiat Lux!
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