Não percebo quase nada de geopolítica, para falar a verdade, nem tenho seguido com a atenção devida (?) as eleições presidenciais norte-americanas, apenas me limito a filtrar e a reter alguns episódios mais emblemáticos e até tabloidizados que vão beneficiando de visibilidade mediática, principalmente aqueles que me interessam por questões profissionais, nomeadamente, as questões associadas aos bastidores, ao marketing político, mas, porém, todavia, contudo, digo-o com uma convicção que poderá ser tomada, com toda a justiça, como de senso-comum, mas que é quase instintiva (ainda que possa haver uma aparente contradição de termos...)- gosto de Obama, porque a sua imagem de marca detém uma economia discursiva fundamental num mundo globalizado, profundamente complexo, onde a primeira impressão é fundamental para a actualização de uma comunicação mais ou menos profícua, onde, por uma evolução sócio-comunicativa natural, "a imagem vale mesmo mais que mil palavras", segundo o provérbio criado pelo produtor de sabonetes que passou por um filósofo ancestral sínico...Isto é, Obama é como uma marca cujos principais conceitos adstritos são: paz interior e exterior, coragem, dignidade, simplicidade, leveza, savoir faire et être, inteligência, simpatia, empatia, interculturalidade, descentração, optimismo, esperança, enfim, energia positiva que despoleta fortes laços afectivos...E tal faz toda a diferença num mundo cada vez mais caótico e à "beira de um ataque de nervos" (e já todos sabemos como é fácil um qualquer obsessivo-compulsivo, nestas conjunturas, carregar num botão, nem que seja só o das frustrações colectivas que não se esvaem nos estádios em polvorosa...)...
Por detrás das eleições, desenrolem-se elas em que país for, neste caso, nos EUA, o candidato a eleito é, meramente, o actor que vemos num palco, que tomamos ilusioriamente como o protagonista, quando, de facto, todos os seus movimentos são controlados nos bastidores pelos verdadeiros enunciadores que, raramente, expõem a face- the lords of the world, inscritos em lobbies detentores do "real power", manipuladores-mor da "real politik"...
Mesmo assim sendo, é fundamental que este actor seja alguém que, ainda que de forma superficial, emane e estimule sentimentos e laços afectivos positivos na sua audiência global, fundamentalmente, em conjunturas agudas de clivagem...
Voltando-me, agora, para o outro lado- porque rejeito McCain? porque abomino a Sarah Palin? Fundamentalmente, porque estão associados a uma administração que julgo responsável por autênticas barbaridades que conduziram o mundo do caos ao inferno...mas, no caso da governadora do Alasca (é do Alasca, não é? bem, mesmo que não seja, deveria ser para lá exilada, tenho pena é dos ursos...), a questão torna-se quase um princípio de género- abomino mulheres energeticamente negativas, secas, petulantes, arrogantes, mal resolvidas, frustradas, agarradas a fundamentalismos acéfalos, a preconceitos e estereótipos que as anulam como pessoas, quando julgam anular os outros...
E pronto, aqui estão as razões mais light, mas também, mais sinceras, da minha fé em Obama, o meu quase-conterrâneo (tenho de, também, reconhecer- ficaria muito orgulhosa de assistir à eleição de um afro-americano como Presidente dos EUA...Até porque considero que, por justiça histórica, já era altura de um negro ou mestiço ser eleito Presidente de um país aonde foi morto um líder tão carismático e pacífico como Martin Luther King...só peço a Deus que o mesmo não aconteça a Obama, pois os lobos já uivam, o que não prenuncia algo de bom...)
E, por falar em raízes africanas, que nos moldam de forma mestiça o ser e o parecer aonde quer que estejamos, fiquei tristíssima quando o John Kerry não conseguiu cumprir os seus intentos, pois, dado que está casado como está com a minha patrícia Teresa Heinz, essa sim uma verdadeira Senhora, só pode ser um grande homem...
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