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Voltando à questão da condição do estrangeirado, hoje, já quase um pleonasmo, pois detemos todos o privilégio de poder sê-lo numa sociedade globalizada, onde não evolui pelo contacto com a diversidade quem não quer, quem não detém o poder da descentração, estou convicta de que, estes seres, se dotados de um poder analítico activo, são potenciais detectores de matrizes sócio-culturais que obstaculizam o desenvolvimento da sua mátria, uma vez que detêm um olhar híbrido (a mestiçagem da alma é sempre bastante profícua): são portugueses, percebem os códigos idiossincráticos internos, mas já detêm um distanciamento que lhes permite desconstruí-los com objectividade. Talvez seja por isso que tenham sido sempre temidos pela mediocridade doméstica, aquela que construiu e constrói o seu poiso à base de expedientes comezinhos, que não os do talento aprimorado pelo trabalho árduo e da evolução individual, tão frágeis quando confrontados com uma salutar competição global...
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