whose equal creatures? ©
Talvez por isso, nutra tanta simpatia por estrangeirados lusos célebres - Luís de Camões, o Padre António Vieira, o próprio Marquês de Pombal (apesar de todas as atrocidades praticadas contra os Távoras, há que reconhecer a sua grande inteligência pragmática (que, como se sabe, não é muito própria desta gente acometida pelo Síndroma da Reunite aguda, desde Viriato) e até o seu sentido de humor refinado (refiro-me àquele episódio caricato da proibição por parte de D. Maria no sentido de o obrigar a "não mais voltar a pisar terras de Lisboa" e a peça ter cá aparecido de carroça, sentado em cima de terras de Pombal...); Eça de Queirós; Fernando Pessoa; os Professores António José Saraiva, Eduardo Lourenço, José Gil, entre tantos outros (o que não implica que o raciocínio seja transitivo, i.e., que não considere como execráveis outros, também, famosos que se andaram a passarinhar lá por fora, mas que mantiveram todos os vícios de cá de dentro, ainda acoplando (a língua portuguesa é mesmo traiçoeira...) os que souberam captar do exterior em prol dos seus interesses publicamente muito colectivos, ainda que, privadamente, muito próprios...)...
whose falling mask? ©
Lembrei-me disto a propósito da noção muito minimamente portuguesinha de seriedade, usual e redutoramente, confundida com cinzentismo, com o beige do politicamente correcto, do socialmente irrepreensível, do aborrecidamente detestável...Não é, então, de estranhar que a máxima "à mulher de César não lhe basta ser séria, tem de parecê-lo" seja idolatrada por mentes que veneram as aparências como única forma de reconhecer os interlocutores...Assim, é de somenos importância que a mulher de César e mesmo este sejam uns devassos e/ou uns pobres de espírito na privacidade; o que interessa é mostrarem que são impolutos e detentores de uma cultura erudita intocável no espaço público (é a concretização crua do silogismo "públicas virtudes, vícios privados")...E, depois, é o que se vê- as incongruências gritantes que esta sociedade, intemporal e patologicamente, inclinada para a veneração do estereótipo e da superfície tece e urde- a imoralidade de se defenderem, publicamente, causas, veementemente, negadas no aconhego da esfera privada, onde as imperfeições ou mesmo vícios e perversões abjectas nascem como coelhos que, desbragadamente, se soltam, mal a camponesa da quinta abre a portinhola.
whose rising mask? ©
Estranha forma de vida esta que culmina, na maior parte das vezes, na ironia das ironias (defendo veementemente o Sentido de Humor Divino- quantas gargalhadas Deus Deve Dar à custa de todos nós, principalmente destes seres adoradores da máscara que lhes deforma ou disfarça a face...)- na privacidade, transforma-se (ou será melhor dizer assume-se?) o crítico na coisa criticada ( e com uma facilidade que brada aos céus!)...E o mais engraçado é esta espécie, geralmente muito umbilical, muito senhora do seu nariz, que se leva demasiado a sério, frequentemente, nem necessitar da privacidade para se descair- lá diz o ditado, o atrevimento da ignorância desmascara-a com facilidade...
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