whose carpe diem powerpoint ©?
Réné Magritte, Faux Miroir
Em criança, fui uma dos milhares que fizeram a "ponte aérea" ex-colónias-Metrópole...creio que todos os que a fizeram partilham os mesmos sentimentos tão bem explicitados, ainda que de forma tão simples, no livro de Júlio Magalhães...um medo estranho, indefinido, uma euforia infantil pelo desconhecido que nos esperava e uma ansiedade propulsinada, instintivamente, pelo pânico dos nossos pais que, como adultos, prenunciavam um destino árduo...O que se seguiu constituiu uma das maiores lições da minha vida- ver pessoas que tinham até ali, uma vida socioeconómica fantástica, pelo seu esforço e dedicação à construção de uma nação, e não pelos mitos acéfalos da exploração alheia, ironicamente, hoje actualizada em pleno pelos que se assumiram como libertadores; dizia eu, ver pessoas como os meus Pais a não cruzarem os braços, a recomeçar do 0, sem lamúrias, sem tempo para chliques apoplécticos de flores de estufa, foi sublime!...
Daí que essa matriz me tenha ficado como orientação vivencial: recomeçar do 0 requer uma exponencial humildade, uma fé inexorável, uma esperança incontida...Deveras, um vencedor é aquele que cai e se levanta, que encara as derrotas como trampolins para o sucesso, que olha para a vida como uma corrida de obstáculos que se convertem em oportunidades...Sempre camoniana e cristã (ainda que os dois qualificativos sejam praticamente indissociáveis, contrariamente a análises de senso comum...), em várias temáticas e ilusões, afirmo como meu o lema "a necessidade aguça o engenho", pois, sempre, considerei as dificuldades e o sofrimento como pontes primordiais para o Conhecimento, para a humanização, para a aprimoração do ser que insisto em ser, passo o pleonasmo, e não meramente em existir...essa auto-superação nietzschiana, sempre cristã, apesar das leituras simplistas do autor, de facto, afirma-se como basilar: "o que não nos mata torna-nos", de facto, muito "mais fortes" e Deus só nos Concede as provações que temos a capacidade para digerir e metamorfosear em algo que nos purifique e liberte das vãs ilusões da matéria...
Como tal, ontem, ao visionar o Prós e Contras, não pude deixar de anuir com o que disse, por exemplo, a Guta Moura Guedes, sempre, com um discernimento notável, talvez pela sua visão distanciada de estrangeirada- as crises constituem óptimas conjunturas para se reformularem atitudes e estratégias, para se associarem, simbioticamente, áreas tradicional e um pouco provincianamente afastadas- a economia e a cultura, entre ela a arte....
Réné Magritte, Faux Miroir
As crises são, de facto, como as liteiras com corpos sem vida que um dos faraós do Egipto, sabiamente, mandava passar por entre a multidão da cidade, em épocas de grande prosperidade, abundância e concupiscência, vulgo, degradação vivencial, pois baixam-nos a crista, humanizam-nos, fazem-nos evoluir como seres humanos, aproximam-nos do Outro, fazem-nos centrar mais nas necessidades primordiais que nos desejos terciários supérfluos, obsessivamente, convertidos em ânsias diárias não muito saudáveis, fazem-nos construir rumos mais elevados...
Aproveitemo-la, pois, para, de forma optimista, ainda que não eufórica, construirmos um mundo melhor, Deus Está-nos a Conceder uma oportunidade de platina, para sairmos da lama a que os interesses, os mitos e os comportamentos menores nos conduziram...Fiat Lux!
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