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Num país onde a violência doméstica sobre as mulheres ainda é considerada como prática corrente e, como tal, a auto e hetero desresponsabilização do agressor e o embaraço da vítima perante a exposição das suas feridas, mais ou menos assumidas, são tidos como norma dominante, não será aberrante alguém aparecer numa cerimónia com um hematoma ocular, simulando um acidente outdoors. Aberrante e até degradante será, sempre, alguém, mais ou menos mediatizado, mais ou menos em contacto com um divino mercantilizado, regozijar-se ou divertir-se com a situação, principalmente quando esse alguém é uma mulher que deveria, antes de tudo, solidarizar-se mais com a vítima do que com o galho que, acidentalmente, lhe feriu o olhar, não por uma questão de género, mas por princípios, como a decência e a humanidade, que deveriam pautar uma conduta civilizada. Até porque o feitiço pode um dia virar-se contra a feiticeira que, certamente, pela arrogância e perfídia que se lê no olhar, passará do discurso hetero desresponsabilizante para o da autovitimização...
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