Ainda que abomine generalizações, pois, repito- o simplismo absolutista (i)lógico a si associado conduz, frequentemente, a profundas injustiças-, uma característica do povo português que me provoca há décadas uma sensação de profundo desconforto, com base num frequente choque cultural, é o facto de existir uma tendência dominante para que os sujeitos ajam por interesse particular e não por princípio, revelando uma aversão à conceptualidade universalizante em detrimento da autocentração de índole materialista, quase concreta. Paradoxalmente, os portugueses, actualizando um gregarismo avesso a um autêntico respeito pela diversidade, demonstram uma tendência para a rejeição da capacidade individual crítica que sustenta o individualismo adstrito ao livre arbítrio e à responsabilização do sujeito pelas suas opções vivenciais, pela salvação ou perdição da sua alma.
Daí que se espantem quando se deparam com alguém que age com base em princípios, que revela boa vontade por generosidade autêntica. O hábito não só faz como corrompe o monge e quem objectiva os outros, transformando-os em meios para atingir os seus fins, acaba por nunca saber distinguir quem por ele (ela) nutre sentimentos genuínos. Invade-me uma sensação de profunda piedade por estes seres minúsculos que se minorizam, quotidianamente, ao minorizarem, constantemente, os outros. Paz à sua alma, pois, sem o saberem, já pereceram nessa teia de redes de interesses mundanos!
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