Estou aqui, num seminário sobre Empreendedorismo e Iniciativa Empresarial na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde tenho estado muito atenta ao painel "Media e Empreendedorismo", moderado pelo ilustre Professor Doutor Domingos Ferreira e constituído por Emídio Rangel (UTL), António Granado (FCSH/ UNL e Público), Andreia Teles (CITI) e Helena Alves (IPJ/IAPMEI).
Emídio Rangel frisa a necessidade de mudança de paradigma de uma cultura que premeia a passividade para uma que aposte no espírito empreendedor, na iniciativa individual focada na inovação e no desenvolvimento.
Granado foca a sua palestra nas "oportunidades emergentes de negócio, no âmbito dos novos media sociais, ocupando espaços que os dispositivos de mediação simbólica tradicionais estão a deixar de ocupar", dado que, hoje, se verifica uma descentralização e fragmentação da produção de conteúdos, numa economia global em crise e em profunda mutação. Discrimina, então, as referidas oprtunidades : (a) gestão de comentários dos suportes
online de grandes mediadores (dá como exemplo a BBC que já contratou um gestor de comunidades digitais (redes sociais como o Facebook, o Twiter e o Hi5); (b) suportes digitais focados em conteúdos científicos e no Ensino Superior; (c) novos produtores multimédia; (d) estudo e desenvolvimento de novas estratégias auto-promocionais para media digitais miniaturizados. Tais estratégias de posicionamento nos
gaps existentes, reforça o docente e editor do jornal Público, poderão ser maximizadas com a expansão desses serviços e conteúdos inovadores para países de Língua Oficial Portuguesa.
Como conselhos a potenciais agentes no âmbito dos novos media, frisa a necessidade de se criarem blogs personalizados e com bons conteúdos, que reforcem o posicionamento no mercado da assinatura dos autores, interligados, de forma optimizada, às tais redes sociais; de se proporem artigos a media impressos
mainstream; de diversificação da formação académica e profissional, ainda que frise a importância fulcral da especialização.
Já, Andreia Teles reforça a noção de que a assunção dos media como 4º e não como 1/ 4 (do) poder é extremamente benéfica para a afirmação de um sistema democrático e polilógico, bem como a ideia de que a criação de blogs e a sua interligação auto-promocional com comunidades como o Facebook não é, de todo, perda de tempo, mas um maximizado investimento profissional.
Finalmente, Helena Alves foca a sua comunicação na necessidade de se incentivar os jovens a ousar mostrar as suas qualidades de empreendedores, com base no imprescindível apoio por parte de instituições que valorizem, acolham e promovam o seu espírito de iniciativa e os seus projectos. Aproveita para divulgar o Inicia Jovem, destinado a promover e premiar o empreendedorismo no seu público-alvo, que se situa na faixa dos 18 aos 35 anos.
Este evento, contextualizado na semana do empreendedorismo, celebrada pelo país fora, vem reforçar a necessidade de uma profunda mudança de mentalidades e de concomitantes práticas que obstaculizam, quotidianamente, a emergência de novos empreendedores, que sabem transformar obstáculos em oportunidades que, detentores de um percurso pessoal e profissional personalizados, de talentos e de uma resiliência vital fora da média, são pólos criativos que se podem converter em potenciais dinamizadores cruciais de uma economia em estagnação.
De facto, o empreendedorismo, tendo como base percursos de vida individualizados fora do comum, que fogem ao cinzentismo de normas cristalizadas massificadas, afirma-se, hoje, como sempre, enquanto fonte de criação de riqueza e de garantia de futuros postos de trabalho. Como outro orador da tarde, do último painel, o Professor João Gonçalves, frisa na sua comunicação, no futuro, os grandes empregadores serão as PMEs, cujos empreendedores não são "meninos de coro" que nunca ousam sair dos limites do conforto, mas indivíduos que ousam saber mais e transformar derrotas em sucessos, regenerando-se sempre com optimismo.