Na minha modesta opinião, e parafraseando alguns autores portugueses prestigiados, mais do que causas de superfície que, vistas à lupa, poderão até tratar-se de consequências, têm de ser perscrutadas as profundas. Deste modo, as causas matriciais da corrupção serão :
(a) a tendência secular para a ausência do respeito pelo indivíduo considerado na sua unicidade e diversidade, com capacidade crítica activa, adstrita a um gregarismo que tudo dilui no todo, que a todos desresponsabiliza, quando a situação descamba.
(b) um profundo e, também, secular individualismo, no sentido pejorativo de egoísmo social quase animalesco, que canaliza cada actor social para o seu ego despótico, em vez de considerar o bem comum. Não há uma actualização de um salutar civismo (salvo raras excepções), este é confundido com o circunstancial respeito por princípios quando estes se coadunam com os interesses pessoais de cada um. Um princípio é, em princípio :), absoluto, não é moldável aos interesses circunstanciais.
Daqui à corrupção das bases ao topo é um passito que não de gigante. Todos os dias assistimos a desrespeitos pela ética mais básica por gente que a eleva a bandeira pública, nomeadamente, por quem brada aos sete céus por Abril (qual Abril? talvez o de 27 de Abril de 1928, que tanto denigrem e que nem se dão conta é a sua matriz operacional de base, em toda a sua pujança!) . Estes são os piores, na minha modesta perspectiva, vale mais um despótico assumido que um fingindo-se muito cívico e amante da liberdade.
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