Ontem, assistia eu atónita a um documentário, difundido na RTP2, sobre as várias actualizações evangélicas de uma parte dos EUA que se diz em "guerra santa" contra a outra que considera em pecado- havia desde um campo de mini-glofe com a simulação da Sagrada Sepultura, a um drive in tipo McDonald´s destinado a orações e bênçãos fast food à la carte, às cerimónias hollywoodescas contra a própria Meca do Cinema e seus produtos culturais, seguindo a lógica pragmática que um reverendo afirmava ser lutar contra o concreto invocando os aspectos mais prosaicos da existência; até aos famosos discursos bélicos em nome de Cristo, contra a Teoria da Evolução de Darwin e a favor da da Criação, pela leitura literal que fazem da Bíblia, como se de um jogo dicotómico entre o Mal e o Bem, uma equipa de basketball e outra se tratasse. É triste, mas como é que esta gente não percebe que Deus, com qualquer dos Nomes que Lhe Atribuam, É Inclusivo e nunca Exclusivo? Credo! Até já a Divina Paciência se deve ter fartado destas recursividades apócrifas! Não A censuro!
Falava-se de Amor, com uma certa euforia um pouco artificial e condicionada, convenhamos, mas, sinceramente, depois de tudo, o que mais retive foram expressões como "guerra cultural", "cruzada por Cristo", "ódio aos homossexuais", etc.
E o que mais me comoveu foi um senhor já de uns setenta anos, homossexual assumido, frequentar, com assiduidade, um desses locais de culto, para perceber quem quer aniquilá-lo, para lhes perdoar. Foi a pessoa mais cristã que visionei em todo documentário- chorava, literalmente, nas cerimónias, como se dissesse: "Perdoai-lhes, Senhor, pois eles não sabem o que fazem..." Foi um momento, simplesmente, sublime, depois de me atordoar com tal aterrador fanatismo. A sua superior coragem e postura moral inferiorizava todos aquelas poses moralistas ocas, odiosas e reveladoras de uma ignorância assustadora, puramente medieval...
Tenho de reconhecer que a parte mais cómica foi saber que um dos reverendos que mais pregava a necessidade da moralização da sociedade norte-americana com um daqueles sorrisos que, de tão espectacularizados, soam completamente a falso, teve de se demitir por acusações de condutas sexuais não muito próprias. Deus Não Dorme, meu caro senhor, Cochila, mas não Fecha os Olhos!
Por tudo isto, eu, apesar de cristã convicta, defendo, acerrimamente, a separação entre o Estado e a Igreja, pois a "a César o que é de César e a Deus o que é de Deus"...Ai de nós cairmos nas mãos de fanáticos, professem eles a fé que professarem! Vade retro!
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