Oscar Wilde escreveu os mais lindos contos infantis do mundo literário, dedicados aos seus filhos , e um deles- O Príncipe Feliz- é, a meu ver, o mais sublime conto de Natal que alguma vez li , o símbolo do Amor e do Desapego Cristãos no seu expoente máximo. A Andorinha, por Amor ao seu Príncipe, outrora, Feliz pela sua vivência numa campânula realmente dourada, mas, agora, profundamente infeliz, porque preso numa mortalha em forma de estátua de bronze, coberta de folhas de ouro e pedras preciosas, de onde observa as misérias do seu povo, sem nada poder fazer, quando outrora corria feliz pelo palácio que julgava espelho do mundo... Alma Real límpida, agora enclausurada, que se despoja, voluntária e sublimemente, de toda e qualquer matéria preciosa que o reveste em prol do mais precioso Bem- o Amor ao Próximo... A Andorinha, dizia eu, nega a instintividade da sobrevivência física, renegando a migração natural para o Egipto em prol da elevação da sua alma. Fica, morre aos pés do seu Grande Amor, já cego, pela doação voluntária das duas safiras, pelas quais observava o que lhe dilacerava o coração- a miséria dos que considerava irmãos, outrora súbditos.
Derretida a estátua a mando da mente demente de quem venera a matéria, e se ilude com o mundo dos sentidos, Samsara, resiste um coração de chumbo partido pela comoção inultrapassável da morte de um Grande Amor. Ambos- coração de chumbo e o corpo inerte de uma alma livre que, outrora, sobrevoara os céus e cruzara continentes- são arremessados para junto de detritos, demasiado (in)humanos na sua mortalidade...
Só os Eleitos Vêem a Face do Supremo... Ave Caesar, vivituri Te salutant!
Fiat Lux! Eppur se Muove!
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